A igualdade de gênero em Contagem, vivenciável por meio do pagamento igual de salário a homens e mulheres no desempenho das mesmas funções, e na contratação equivalente para ocupação dos postos de trabalho precisa percorrer um longo caminho – tal como na maioria das cidades brasileiras. É o que aponta o levantamento feito pelo Observatório Socioeconômico de Contagem, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico. Os dados visam contribuir com os debates e reflexões do Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março.
Tomando os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, que estima uma população de 673.849 habitantes, o Observatório Socioeconômico de Contagem anota um total de 347.032 mulheres, e 326.817 homens.
Essa proporção não se reflete na participação das mulheres nos vários setores econômicos de Contagem. Somente a administração pública contrata um número maior de mulheres: é um total de 8.329 mulheres, contra 3.314 homens. O setor de serviços, por sua vez, contrata 40.220 homens, contra 25.853 mulheres; já o comércio tem 39.088 homens nos postos de trabalho que gera, contra 21.845 mulheres. No setor da construção civil há a maior disparidade, com um total de 7.463 homens contratados contra 684 mulheres. Na indústria de transformação 33.405 homens contratados, contra 12.065 mulheres. Entre os serviços industriais de utilidade pública, são 387 contratados, contra 138 mulheres. No segmento extrativo mineral, 265 homens contra 32 mulheres.
Em Contagem, as mulheres apresentam maior grau de escolaridade. Dentro do percentual total de doutores residentes do município de Contagem, cerca de 73% são mulheres. As mulheres também representam um total de 60% entre os moradores da cidade com mestrado. Dos detentores com de formação superior, 70% também são do sexo feminino.
Nos recortes de menor escolaridade, as mulheres também levam vantagem em relação aos homens. Dos habitantes com ensino fundamental completo, 50% são homens e 50% são mulheres. Entre os que apenas completaram o ensino médio, os homens figuram 58%. Entre os que têm apenas o ensino fundamental completo, cerca de 62% são homens; com até o 6º ano incompleto 71% do sexo masculino. Também entre os analfabetos registrados na cidade os homens são maioria: 67%.
Essa maior escolaridade, entretanto, não se converte entre melhores salários ou em equiparação salarial. Mulheres com doutorado recebem até 30% menos que os homens com a mesma formação; portadoras de título de mestre recebem quase 40% menos, com nível superior completo os vencimentos pagos às mulheres são 37% inferiores, com ensino médio completo uma variação negativa de 26% às mulheres, o mesmo percentual anotado para mulheres com ensino fundamental.
A economista responsável pelo Observatório Socioeconômico de Contagem, Alessandra Angelini, explicou que esse cenário reflete muito preconceito e um machismo estrutural na sociedade. “Embora seja um tema que vem sendo enfrentado nos últimos anos, as mudanças ainda são muito lentas. Veja bem, os números mostram que as mulheres possuem mais escolaridade, mas, quando vamos analisar a natureza das ocupações, mais de 78% dos cargos diretivos são ocupados por homens”.
Violência contra mulheres registra queda pequena
Dados relativos ao feminicídio apontam que Contagem teve uma pequena queda nos números em 2021. Essa redução, embora tímida, também foi melhor que a média estadual.
Em 2021, a cidade registrou 13 tentativas e dois homicídios consumados contra mulheres. Em 2020, foram anotadas oito tentativas e seis consumações; em 2019, outras 11 tentativas e 1 caso consumado e 2018 marcou 11 tentativas e 9 casos consumados.
Minas Gerais, porém, registrou, em 2021, cerca de 182 tentativas, contra 152 homicídios consumados; em 2020, foram 190 tentativas, versus 151 casos consumados, e em 2019, foram 226 tentativas e 146 casos consumados.
Dados sobre violência doméstica ainda registram números altos. Em 2021, por exemplo, foram 4.495 mulheres vítimas de violência doméstica, em Contagem. Em 2020, esse número anotou 4.296 casos, em 2019, foram 4.390, e em 2018, outros 4.029.
Em Minas Gerais, porém, o total de casos apontam para uma pequena redução. Em de 2021, foram registradas 144.618 vítimas; em 2020, esse quantitativo foi 145.424 e em 2019 foram anotados 151.054 casos.